Data: 29/06/2005
Sessão: 156.3.52.O
Hora: 15h10
O SR. ENÉAS (PRONA-SP.
Como Representante. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado
Severino Cavalcanti, Sras. e Srs. Parlamentares, povo brasileiro, quem
anda pelas ruas de qualquer cidade de qualquer Estado do Brasil percebe,
em todos os lugares, a presença de miasmas pútridos que contaminam o ar
atmosférico do País e que, lamentavelmente - e é triste reconhecer -,
são egressos desta Casa.
É infinitamente triste reconhecermos um
fato hoje repetido em verso e prosa em todos os rincões da nossa Pátria:
colegas nossos - e não cito o nome de ninguém -, para votar a favor de
um Governo absolutamente antinacional, teriam vendido a consciência. De
acordo com as informações, isso teria ocorrido nas reformas
previdenciária e tributária, no projeto sobre desarmamento, enfim,
praticamente em todas as grandes questões em que S.Exa., o Presidente da
República, nas madrugadas, obteve maioria absoluta nesta Casa.
Causa-nos
espécie o furor com que a imprensa vem tratando o assunto, quando ela
própria não chama atenção para algo muito pior: a entrega da riqueza
nacional, que continua sendo feita da forma mais deslavada possível.
Ontem, em reunião a que compareceram 20 mil agricultores, convidados
pelo Presidente da Comissão de Agricultura, eu disse que nunca se viu
tamanha evasão oficial de recursos, e tive a felicidade de ver milhares
de agricultores, de pé e de público, reconhecerem a veracidade da minha
afirmação.
Este ano, segundo declarações do Secretário do Tesouro,
são 176 bilhões de reais. Repito: 176 bilhões! Isso sai de maneira
oficial, e, quando não sai, se emitem títulos, e a imprensa silencia,
como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ora, diante disso, se
alguém nesta Casa recebe 30 mil por mês, perdoem-me, não passa de um
"trombadinha". Na verdade, o maior de todos os desvios de recursos é o
oficial. Lamentavelmente, porém, não se fala nisso. Existe uma
conivência sórdida do Poder constituído que faz com que isso pareça ser
normal.
Se somarmos as verbas de educação e saúde, chega-se a 50
bilhões. Mais que o triplo é gasto no pagamento dos serviços da dívida
pública!
E o curioso é que, se há pagamento a Parlamentares, isso é
feito para que essa situação seja mantida. Isso, sim, é altamente
criminoso; isso, sim, é crime de lesa-pátria, porque aqueles que para cá
vieram, quero crer, se não pensando de maneira mentirosa, pelo menos
diziam que iriam lutar contra esse estado de coisas.
Tenho uma
felicidade dentro de mim que de quando em quando transborda: a de, desde
o dia em que aqui cheguei, ser absolutamente fiel a todos os meus
compromissos. Em nenhum momento participei dessa atitude pútrida,
sórdida, vil, repugnante que caracteriza o Governo atual; em nenhum
momento estive do lado de medidas contra a população.
Entrei nesta
Casa, junto com 6 Deputados, com os meus votos, e é bom que fique claro:
foram 1 milhão e 570 mil votos. Sem aliança com Prefeito, com Vereador,
com ninguém, tive 1 milhão de votos a mais do que o homem que era o
Chefe da Casa Civil e que hoje desceu para o alojamento de cabos e
soldados, como diz o Deputado Jair Bolsonaro.
Quero deixar claro que
essas convicções as levarei até o túmulo. Aos que traem a própria
pátria, acompanho o dizer antigo de um homem que chegou a ser
centenário, o Prof. Barbosa Lima Sobrinho, que do alto de sua
longevidade disse: "Aos traidores, a forca".
Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)